PORT OF SPAIN, Trinidad e Tobago, 18 Abr 2009 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, demonstrou neste sábado o desejo de manter um diálogo direto baseado no respeito mútuo com os colegas do Sul, depois de um encontro à margem da reunião de Cúpula das Américas de Trinidad e Tobago.
Durante uma hora e meia, Obama se reuniu com os líderes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), incluindo alguns de seus detratores, como o venezuelano Hugo Chávez e o boliviano Evo Morales.
Segundo todos os participantes, o clima do encontro foi "excelente", "positivo" e "franco".
"Todos pudemos falar e ele nos respondeu um a um", afirmou o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez.
Chávez, que há algumas semanas chamou Obama de "pobre ignorante", presentou o presidente americano com um exemplar do livro "As veias abertas da América Latina", do uruguaio Eduardo Galeano, com uma dedicatória pessoal: "Para Obama com afeto".
Obama, que na sexta-feira afirmou que nas relações do continente não devem existir sócios maiores ou menores, manifestou o desejo de "manter um diálogo direto com os colegas do Sul", revelou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim.
"A visão dos Estados Unidos em relação à América Latina está mudando. Que os Estados Unidos aceitem um diálogo com a Unasul é uma coisa nova, um sinal de respeito grande", completou o ministro.
O ambiente cordial nas primeiras reuniões da V Cúpula das Américas abre a possibilidade de que o veto que alguns países latino-americanos prometeram apresentar à declaração final no domingo não aconteça.
O texto continua sendo discutido nos bastidores. Se um grupo de países se negar a assinar a declaração, uma situação inédita na história do evento, esta pode ser assinada sem consenso ou nem ser assinada, o que ofuscaria os resultados da reunião continental.
"Vamos aguardar o fim da reunião, mas acredito que se o clima que prevalecer for o mesmo que se viu na reunião entre Obama e a Unasul, o resultado será muito positivo", explicou Amorim.
A questão do embargo a Cuba, que não está presente na declaração final, é o principal tema que bloqueia o documento.
"Obama tem a obrigação de reparar um dano político e econômico a Cuba", insistiu o presidente boliviano Evo Morales, que reiterou que não assinará a declaração no estado atual.
No entanto, desde que desembarcou em Trinidad, Obama tem demonstrado sinais de abertura e afirmou que seu governo está pronto para um novo começo com Cuba e para ter um diálogo amplo com as autoridades da ilha, após 47 anos de embargo.
Aos líderes da Unasul, Obama reiterou neste sábado a boa vontade.
De acordo com o chanceler brasileiro, um avanço nas relações entre Cuba e Estados Unidos é o gesto que todos os países latino-americanos e caribenhos esperam.
"Agora é preciso esperar que aconteça um avanço em relação a Cuba. Houve pequenos passos na direção direção correta e agora, ao invés de ver quais serão os próximos, tem que existir um diálogo direto", opinou.
"Não compete a nós dizer como deve ser este diálogo, mas acredito que existe a abertura necessária para que aconteça e eu percebo que as coisas vão mudar nesta direção", insistiu.
O presidente cubano, Raúl Castro, também manifestou a disposição de conversar com Obama com uma agenda aberta e ampla.
Neste sábado, os líderes do continente celebrarão três plenárias concentradas em questões como a prosperidade, a energia limpa e sustentável e a democracia para as 800 milhões de pessoas que representam.
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