sábado, 19 de janeiro de 2008

Apesar de Fidel, capitalismo chega às ruas de Cuba

19/01/2008 - 14h46

da BBC Brasil

O capitalismo chegou a Cuba. Levado na bagagem dos milhares de turistas que visitam o país todos os anos, ele pode ser visto em um passeio em Havana Vieja, a parte colonial da cidade, que está sendo rapidamente restaurada para atrair visitantes estrangeiros.

Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tivesse tido tempo de passear pelo local, teria notado uma paisagem bem diferente da que ele viu na cidade em 2003, em sua primeira visita à cidade como presidente - embora como ele mesmo disse, venha visitando Cuba desde 1985.

Neste período de pouco mais de quatro anos, a mudança é visível. Andares térreos de prédios antigos foram restaurados e agora abrigam lojas de roupas, eletrodomésticos, artesanato e incontáveis cafés, restaurantes e bares.

Em 2003, havia farmácias antigas, e os prédios restaurados abrigavam apenas escritórios do governo e outras atividades menos vistosas.

Carrões e ônibus chineses

Os famosos carrões americanos dos anos 50 ainda rodam pelas ruas de Havana. Mas agora já dividem espaço nas ruas com carros novos europeus e ônibus chineses. A China, aliás, ganha cada vez mais espaço na ilha.

Os cubanos continuam recebendo salários em pesos cubanos, e com eles compram os produtos básicos subsidiados --até o limite estabelecido pela caderneta do governo-- mas a economia capitalista é em CUC.

CUCs são os pesos conversíveis, a moeda criada pelo governo cubano para substituir o dólar na economia paralela à economia estatal.

Ao trocar dólares por CUCs, o turista perde 20% do valor, cobrado em impostos. Ou seja, Cuba ainda conseguiu ter uma moeda mais valorizada do que o dólar americano. Mas a maior diferença é em relação ao peso cubano. Um CUC compra 24 pesos cubanos.

Injeção de dólares

Junto com o turismo, são os dólares enviados por parentes que moram no exterior - calcula-se que sejam cerca de 1,2 milhão de pessoas, o equivalente a 10% da população - que movimentam a economia cubana.

E são eles que alimentam a desigualdade que já se vê com nitidez em Havana: enquanto médicos, professores e outros funcionários públicos sobrevivem com salários em torno de 25 CUCs por mês, taxistas, camareiras, garçons e qualquer outro profissional que trabalhe com o turismo tem a possibilidade de ganhar quase o equivalente por dia-- de gorjeta.

Isso significa que os empregos ligados ao turismo são os mais disputados, e normalmente obtidos por influência política.

O que cria um outro dilema: num país comunista os empregos mais importantes para a sociedade são os que remuneram menos, enquanto trabalhos braçais que permitem proximidade com o turista estrangeiro possibilitam um ganho muitas vezes maior.

Lembretes

Nas lojas oficiais, o cubano pode comprar produtos básicos como leite, pão, frango e açúcar, em quantidades limitadas e, segundo alguns, insuficiente para o consumo.

Nas outras lojas, que também pertencem ao governo, encontra quase tudo o que se vê no comércio capitalista. Para que o turista não se esqueça de que está, afinal, num país comunista que não participa integralmente do sistema financeiro internacional, há sempre lembretes aqui e ali.

Euros são bem vindos, dólares são proibidos no comércio e só podem ser trocados nos hotéis, e cartões de créditos nem sempre funcionam.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u365131.shtml



quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2008/01/15/ult4904u395.jhtm

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Lula vai a Cuba na expectativa de visitar Fidel

RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se reunir com seu colega de Cuba,Fidel Castro, na próxima semana. Mas a certeza do encontro depende da autorização de médicos.

Lula viaja na segunda-feira para Guatemala, onde participa da cerimônia de posse do presidente eleito Álvaro Colom. Em seguida, vai para Cuba na companhia de vários ministros e do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.

"O presidente Lula tem intenção de se encontrar com o presidente Fidel Castro, de quem é amigo pessoal. Mas devido à situação de saúde [de Fidel] a possibilidade depende da opinião dos médicos. Mas o presidente Lula está muito feliz com essa possibilidade", afirmou o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach.

O porta-voz se referiu a Fidel pelo fato de ele estar se recuperando de problemas de saúde desde 31 de julho do ano passado. Em decorrência dos problemas de saúde, Fidel tem sido substituído interinamente na Presidência por seu irmão mais novo, Raul Castro.

Lula viaja na segunda-feira pela manhã para a Guatemala, onde fica apenas um dia, e depois segue para Cuba. Ele pretende ficar em Havana até terça-feira à noite quando será oferecido um jantar em sua homenagem e depois retornará ao Brasil.

Em Cuba, Lula pretende anunciar uma série de acordos bilaterais. As áreas de investimentos vão desde petróleo, lubrificantes, produtos de infra-estrutura até farmacêuticos e programas em saúde. Na área de saúde, deverão ser ampliados os acordos relativos à vigilância sanitária, aleitamento materno e vacinação.

Desde novembro do ano passado estava prevista a viagem de Lula a Cuba, mas o presidente acabou desmarcando a agenda. O porta-voz da Presidência informou que o adiamento ocorreu para poder ampliar a elaboração dos acordos bilaterais entre Brasil e Cuba.

Lula também vai se reunir com o presidente da República em exercício, Raul Castro, e o presidente do Parlamento cubano, Ricardo Alarcón.

Também há previsão de encontros com estudantes brasileiros que vivem em Cuba.Na Guatemala, além das festas de posse do presidente eleito Álvaro Colom, Lula pretende discutir o biodiesel e programas de desenvolvimento na área social. Baumbach disse que os dois presidentes têm vários pontos de convergência sobre os dois temas.

Fonte: Folha Online

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u362026.shtml

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Cubanos decidiram fugir e ficar no Brasil há mais de um ano


06/01/2008 - 09h42
RENATA BAPTISTA
da Agência Folha, em Recife

Os músicos cubanos Miguel Costafreda, 40, Juán Díaz, 42, e Arodis Pompa, 36, que desertaram de seu país para se refugiar no Brasil, tomaram a decisão de escapar do regime de Fidel Castro há mais de um ano.

Em 11 de dezembro, eles saíram, escondidos, da pousada onde estavam hospedados em Olinda (PE). O principal motivo foi a falta de perspectivas profissionais no país de origem.

Apesar de, nesse período, terem realizado apresentações em países europeus, definiram que a fuga aconteceria após a série de shows no Brasil, devido à identificação com a música brasileira. "Também pensamos nas possibilidades de arrumar trabalho", diz Costafreda.

Quando se apresentavam no exterior, o representante do governo cubano que os acompanhava confiscava os instrumentos após as apresentações. Na fuga, eles só conseguiram levar uma guitarra três --instrumento típico cubano.

Costafreda diz que, apesar da saudade que sentem da família, os músicos estão animados com a possibilidade de viverem definitivamente no Brasil. "Aqui sou como um pássaro livre. Acho que vamos ter mais recursos para fazer música."

Os três se uniram a dois músicos pernambucanos --Júnior do Jarro, 19, e Dadal de Jesus, 23-- e formaram a banda Brascuba, cuja primeira apresentação será no dia 11, em Recife.

Esconderijos

Seis dias antes de se apresentarem à sede da Polícia Federal em Recife para pedir refúgio político, os três tiveram de se hospedar em cinco casas de desconhecidos. "Fugimos como bandidos na madrugada", disse Costafreda, o vocalista.

Por medo de estarem sendo perseguidos, trocavam constantemente de esconderijo --casas de amigos ou parentes de um casal pernambucano.

Há um mês no Brasil, os três músicos vivem --sem pagar aluguel-- na casa de um casal de professores de dança em Recife. Em passeio com a reportagem da Folha pelas ruas da cidade, receberam cumprimentos de pessoas que acompanharam o caso pela imprensa.

"2008 vai ser um ano muito bom para vocês, vocês merecem", disse o funcionário de um shopping aos cubanos.

O casal de professores de dança Gledson Silva, 26, e Edwis Tôrres, 53, conheceu os cubanos em uma apresentação de Los Galanes. "Percebemos de imediato a intenção deles e quisemos ajudar", diz Silva.

Agora os cubanos querem enviar aos familiares o dinheiro arrecadado com os shows realizados em Pernambuco antes da fuga --cerca de R$ 150 para cada músico, pelas seis apresentações feitas com consentimento de Cuba.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u360617.shtml