RENATA BAPTISTA
da Agência Folha, em Recife
Os músicos cubanos Miguel Costafreda, 40, Juán Díaz, 42, e Arodis Pompa, 36, que desertaram de seu país para se refugiar no Brasil, tomaram a decisão de escapar do regime de Fidel Castro há mais de um ano.
Em 11 de dezembro, eles saíram, escondidos, da pousada onde estavam hospedados em Olinda (PE). O principal motivo foi a falta de perspectivas profissionais no país de origem.
Apesar de, nesse período, terem realizado apresentações em países europeus, definiram que a fuga aconteceria após a série de shows no Brasil, devido à identificação com a música brasileira. "Também pensamos nas possibilidades de arrumar trabalho", diz Costafreda.
Quando se apresentavam no exterior, o representante do governo cubano que os acompanhava confiscava os instrumentos após as apresentações. Na fuga, eles só conseguiram levar uma guitarra três --instrumento típico cubano.
Costafreda diz que, apesar da saudade que sentem da família, os músicos estão animados com a possibilidade de viverem definitivamente no Brasil. "Aqui sou como um pássaro livre. Acho que vamos ter mais recursos para fazer música."
Os três se uniram a dois músicos pernambucanos --Júnior do Jarro, 19, e Dadal de Jesus, 23-- e formaram a banda Brascuba, cuja primeira apresentação será no dia 11, em Recife.
Esconderijos
Seis dias antes de se apresentarem à sede da Polícia Federal em Recife para pedir refúgio político, os três tiveram de se hospedar em cinco casas de desconhecidos. "Fugimos como bandidos na madrugada", disse Costafreda, o vocalista.
Por medo de estarem sendo perseguidos, trocavam constantemente de esconderijo --casas de amigos ou parentes de um casal pernambucano.
Há um mês no Brasil, os três músicos vivem --sem pagar aluguel-- na casa de um casal de professores de dança em Recife. Em passeio com a reportagem da Folha pelas ruas da cidade, receberam cumprimentos de pessoas que acompanharam o caso pela imprensa.
"2008 vai ser um ano muito bom para vocês, vocês merecem", disse o funcionário de um shopping aos cubanos.
O casal de professores de dança Gledson Silva, 26, e Edwis Tôrres, 53, conheceu os cubanos em uma apresentação de Los Galanes. "Percebemos de imediato a intenção deles e quisemos ajudar", diz Silva.
Agora os cubanos querem enviar aos familiares o dinheiro arrecadado com os shows realizados em Pernambuco antes da fuga --cerca de R$ 150 para cada músico, pelas seis apresentações feitas com consentimento de Cuba.
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