Vallegrande (Bolívia), 7 out (EFE).- A professora boliviana que serviu a última refeição ao guerrilheiro Ernesto "Che" Guevara, em 9 de outubro de 1967, Julia Cortez, disse hoje à agência Efe que ele flertou com ela e pediu para verificar se seria assassinado pelo Exército, o que ocorreu minutos depois.
Julia, que tinha 19 anos na época e era professora da escola de La Higuera, localizada a cerca de 840 quilômetros ao sudeste de La Paz, é hoje protagonista na comemoração do 40º aniversário da morte de Che.
"Ele me pediu que fosse imediatamente averiguar algo. Queria que eu fosse sua espiã, mas não havia ninguém, somente os guardas", disse a professora.
No dia anterior, militares bolivianos haviam capturado Che na quebrada de Yuro e levaram o guerrilheiro para a escola de La Higuera. Enquanto isso, as emissoras de rádio reproduziam a versão do Exército de que ele tinha morrido em combate na floresta.
Quando Julia foi vê-lo, Che estava vivo, sentado atrás da porta e iluminado por uma vela, disse.
A professora afirmou que, por ser muito jovem, estava curiosa em ver aquele rebelde, considerado na época um "homem coberto com uma couraça, com um capacete". Além disso, também falavam que "Che" era chefe de um grupo de guerrilheiros que "assaltavam, estupravam e faziam estragos".
"Pude entrar para vê-lo e não era nada do que diziam", acrescentou a professora, que conseguiu falar com Che com a ajuda de um tenente de sobrenome Huerta, um dos que protegiam a escola em que dava aulas.
"A vestimenta não tinha nada. Era um homem sem nenhuma proteção.
Estava arruinado", disse Julia.
Mas também viu um "homem muito simpático e atraente", com traços perfeitos.
Segundo Julia, Che a chamou para conversar e corrigir um erro ortográfico que ela tinha escrito no quadro-negro da sala.
Depois ele a elogiou e disse que quatro oficiais tinham perguntado qual seria o seu último desejo um pouco antes, e por isso pediu para a professora descobrir o que aconteceria.
Também pediu um prato de comida, que acabou sendo uma sopa de amendoim.
Sem averiguar nada, Julia saiu do local e pouco depois escutou tiros.
A professora, que acredita ter atrasado a morte de Che com a visita, tem em casa fotos do guerrilheiro e acende velas para ele.
Além disso, há na casa uma foto do sacerdote suíço Roger Shaller, que deu a extrema unção a Che após a morte, segundo Julia.
De acordo com a versão mais difundida - embora questionada -, o suboficial boliviano Mario Terán teria fuzilado o guerrilheiro.
Os restos mortais de Guevara permaneceram ocultos durante 30 anos em Vallegrande, onde agora há um monumento em memória do guerrilheiro.
Fonte: Notícias Uol
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2007/10/07/ult1808u102888.jhtm
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