da France Presse, em Tegucigalpa (Honduras)
da Folha Online
O governo interino de Honduras e o presidente deposto Manuel Zelaya "estão cedendo" em busca de uma saída negociada para a crise, mas ainda precisam superar a questão da restituição ao poder, disse John Biehl, que lidera a missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) verificadora do diálogo. A declaração vem quase uma semana após a segunda missão do órgão deixar Honduras sem obter um acordo entre as partes e no dia em que as duas partes retornam à mesa de negociação.
"Há um grande esforço e como em qualquer negociação, é preciso que as duas partes cedam, o que está ocorrendo agora, e de maneira muito construtiva", declarou Biehl.
Biehl, assessor do secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, afirmou ainda que os delegados de Zelaya e do regime interino "avançam' em todos os pontos do Acordo de San José, plano do mediador da crise, o presidente da Costa Rica, Oscar Arias, que estabelece como prioridade a restituição do líder deposto.
"Estão buscando e discutindo distintas fórmulas e quando chegar o momento de tocar neste ponto [restituição de Zelaya], querem propostas dos dois lados para decidir como agir", revelou Biehl.
Zelaya, deposto por um golpe de Estado em 28 de junho passado, está refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa há três semanas, desde que voltou secretamente a Honduras. O presidente deposto deu um prazo até a próxima quinta-feira para a conclusão do diálogo e sua restituição.
Os representantes do governo interino, liderado por Roberto Micheletti, e de Zelaya retomarão o diálogo nesta terça-feira, após aprovarem, na semana passada, cinco dos oito pontos do Acordo de San José. Na sexta-feira passada (9), quando as conversas entre os dois grupos foram suspensas para que, no feriado, houvesse consultas privadas, os negociadores se diziam otimistas.
Os pontos acordados seriam a criação de um governo de unidade nacional, a não aplicação de uma anistia, a desistência de Zelaya de convocar uma Assembleia Constituinte, a não antecipação das eleições de 29 de novembro e a passagem do comando das Forças Armadas para o tribunal eleitoral 30 dias antes da votação.
Pessimismo
Nesta segunda-feira, um dos principais negociadores do governo interino disse, contudo, que há poucas chances de que um acordo que dê fim à crise política seja concluído nesta terça-feira.
Segundo reportagem publicada pela Folha, o único ponto em que há poucas chances de acordo é o mais essencial: o retorno de Zelaya ao poder.
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A avaliação é que Zelaya continua pedindo muito, sem dar garantias. Entre as exigências consideradas descabidas está a volta à Presidência com poderes semelhantes ao de antes do golpe de 28 de junho.
O negociador também critica a falta de comprometimento do time de Zelaya com a ideia de descartar uma Constituinte. Oficialmente, o grupo do presidente deposto disse que não insiste mais no processo de mudança da Constituição.
O grupo de Micheletti aposta que um processo prolongado de negociações possa desgastar a força --já reduzida-- de Zelaya.
Um dos negociadores do presidente deposto, Victor Meza, disse ontem que os dois pontos finais do acordo devem ser negociados entre esta terça e quarta-feira.
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