Os hondurenhos começam a votar às 7h deste domingo (hora local, 11h em Brasília) em uma das nas eleições mais polêmicas e observadas de sua história.
Estão em jogo os cargos de presidente, 128 assentos no legislativo e 298 de representantes locais.
Os mais cotados para assumir em janeiro o próximo mandato presidencial de quatro anos são o conservador Porfírio "Pepe" Lobo, do Partido Nacional, e Elvin Santos, do Partido Liberal, o mesmo do presidente deposto Manuel Zelaya e do interino, atualmente afastado, Roberto Micheletti.
Fontes da comissão eleitoral dizem acreditar ser possível ter uma boa ideia de quem será o presidente eleito já na noite de domingo, mas as incertezas relativas à crise política hondurenha podem durar mais.
Comparecimento e legitimidade A comunidade internacional está dividida sobre reconhecer estas eleições. Brasil, Argentina, Venezuela e Nicarágua estão entre os países que afirmam que o pleito é ilegítimo.
Outros, a começar pelos Estados Unidos, condenaram a deposição do presidente eleito Manuel Zelaya, mas dizem acreditar que o pleito seja a melhor forma de sanar a crise política hondurenha. Muitos países disseram que vão esperar o desenrolar das eleições para se pronunciar.
No sábado, Micheletti foi além dos frequentes apelos para que a população vote, mas também pediu para que o povo continue apoiando quem for eleito "porque vão existir influências enormes boicotando o novo mandato".
Oposição e governo parecem concordar que o índice de comparecimento eleitoral pode ser usado nos próximos dias como arma política contra ou a favor da legitimação do pleito.
Neste contexto, os cerca de 1 milhão de hondurenhos aptos a votar que vivem nos Estados Unidos podem se transformar em outro ponto de discórdia. Os que defendem as eleições dizem que a participação dos eleitores no exterior, que tradicionalmente não costumam votar, deve ser excluída dos cálculos finais.
O comparecimento de 56% nas últimas eleições, de 2006, levou em conta estes eleitores.
Rumores e observadores A oposição lançou um "toque de recolher popular", pedindo para que a população fique em casa neste dia.
Circulam no país, incluindo na imprensa oposicionista, diversos boatos sobre potenciais atos de violência que ocorreriam no dia da votação. O governo nega os rumores e afirma que a segurança será garantida por cerca de 30 mil integrantes das Forças de Segurança em todo o país.
Durante a semana passada, ocorreram pelo menos dez explosões de pequeno porte em incidentes separados em diversas partes do país, deixando uma pessoa ferida. Nenhuma grande instituição como a Organização das Nações Unidas (ONU), Organização dos Estados Americanos (OEA) ou a União Europeia enviou observadores para monitorar a lisura do pleito. Estão presentes no país, segundo o Tribunal Eleitoral hondurenho, 445 observadores de 31 países.
Críticos dizem que estes observadores seriam ou afinados ideologicamente com o governo ou estariam pouco familiarizados com a função de monitorar eleições e com o sistema, parcialmente digitalizado, de votação hondurenho.
Histórico A crise política em Honduras teve início em 28 de junho, quando o presidente eleito do país, Manuel Zelaya, foi destituído do cargo pelas Forças Armadas, acusado de violar a Constituição, e em seu lugar assumiu um governo interino, liderado pelo antigo presidente do Congresso, Roberto Micheletti.
A deposição foi condenada por diversos países, entre eles o Brasil e os Estados Unidos, além de organizações como a OEA e a União Europeia.
Zelaya voltou clandestinamente a Honduras e se abrigou na embaixada do Brasil, onde está desde setembro.
Na próxima quarta-feira, como parte de um acordo intermediado pelos Estados Unidos, o Congresso deve votar se Zelaya voltará a ocupar a Presidência até o final de seu mandato, em 27 de janeiro.
Micheletti afastou-se do cargo provisoriamente, podendo voltar ao poder dependendo da decisão do Congresso no dia 2.
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