terça-feira, 26 de janeiro de 2010

ONU deve alimentar 2 milhões de haitianos por um ano

O PMA (Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU (Organização das Nações Unidas) estima que deverá levar alimentação a cerca de dois milhões de haitianos pelo menos por um ano, dobrando as expectativas iniciais, segundo disse nesta segunda-feira (25) sua diretora-executiva, Josette Sheeran.

A responsável da agência explicou que a situação no país caribenho, de onde acaba de retornar, é pior do que pensavam.

"Precisamos alimentar a população por mais tempo e com mais quantidade de comida do que achávamos. A situação é desalentadora", afirmou em entrevista coletiva a diplomata americana.

Josette afirmou que os primeiros cálculos divulgados pouco depois do terremoto de 12 de janeiro previam a necessidade de alimentação parcial de cerca de dois milhões de pessoas por seis meses, pois confiavam na recuperação dos mercados locais de alimentos após algum tempo.

No entanto, a devastação da infraestrutura pública, imóveis e estabelecimentos comerciais causada pelo violento terremoto é maior que o esperado. "Não se sabe como a situação pode retornar à normalidade por um bom tempo", acrescentou Josette.

Por isso, a diretora ressaltou que agora a ONU considera que será necessário cobrir praticamente todas as necessidades nutritivas de pelo menos dois milhões de desabrigados por um ano, já que não deve ser possível conseguir no mercado os alimentos para complementar as porções proporcionadas pela ajuda humanitária.

Também ressaltou que é necessário o envio de produtos alimentícios prontos para comer, pois a população em geral não tem fogões, água ou utensílios para preparar a comida.

Até o momento, foi dada prioridade à distribuição de bolachas energéticas e pacotes de creme de amendoim reforçado com vitaminas para as crianças, indicou.

Caos

Uma operação de distribuição de ajuda diária foi transformada em caos nesta segunda-feira em Porto-Príncipe diante do palácio presidencial haitiano, quando 18 capacetes azuis uruguaios tentavam, sozinhos, conter cerca de 4.000 haitianos famintos.

"Qualquer coisa que fizermos não servirá de nada", gritou em espanhol um dos soldados da ONU (Organização das Nações Unidas), quando lhe perguntaram por que os soldados da paz não tentavam explicar a situação à população em francês ou em crioulo.

Recusando-se a se identificar, o soldado começou a repelir a multidão com um escudo plástico duro. Seus colegas lançavam gás pimenta nos haitianos que estavam na primeira fila da multidão para pararem de empurrar.

Outros soldados que estavam num tanque de cor branca da ONU dispararam balas de borracha para o ar, sinais que mal foram percebidos pela multidão ávida em receber os alimentos fornecidos pelos Estados Unidos através da organização Eagles Wings Foundation.

O poderoso terremoto de magnitude 7, de 12 de janeiro passado, deixou aproximadamente um milhão de desabrigados. Muitos vivem em barracas de campanha nos parques e centenas de milhares foram estimuladas pelo governo a abandonar a cidade destruída de Porto Príncipe.

Ouvidos sobre o por quê de não haver mais tropas da ONU para conter os haitianos famintos, as forças de paz fizeram um gesto de impotência, indicando que não havia mais gente disponível para unir-se a eles.

A multidão empurrava para a frente e se movia como se fosse um só corpo em direção aos caminhões com bandeiras dos Estados Unidos e carregados de bolsas de arroz, vitaminas, óleo de cozinha e soja.

Com Efe e France Presse

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